Criação Assombrosa e a menina que não gostava de praia
- Escritora Carols
- 13 de mai.
- 2 min de leitura

Durante muitos anos, eu fui a menina que odiava a praia.
Minha irmã gêmea? A sereia do rolê. Pé na areia, cabelo ao vento, riso solto.
Eu? A criatura da canga. O ser na cadeira. Aquela que preferia mil vezes um livro do que um banho de mar.
E não era drama, viu? Era a areia que me fazia tropeçar, deslizar, me afundar. Era água em constante movimento, ondas imprevisíveis que não me deixavam ficar de pé sozinha.
Era o medo de pedir ajuda. Ou melhor: o orgulho de não querer.

Pra mim, "ajuda" era quase um xingamento. Parecia significar: você é frágil. você é menos. você não consegue. E eu passava um calorão tentando provar o contrário.
O único momento em que a praia se salvava era quando passava o picolé da Ajelso (sim, aquele do livro!) ou quando alguém gritava: "Olha o milho!"(Se você tira o milho da espiga… lamento, você não tem salvação 😅)
Mas então, eu cresci. E escrevi Criação Assombrosa.
Ali, entre pinceladas da Marina e as olhadas de Jorik, entendi que depender não é fraqueza. É força partilhada.

Entendi que Deus nunca nos criou e disse:"Agora se vira." Pelo contrário. Ele nos prometeu presença.
“Quando passares pelas águas, Eu estarei contigo.” – Isaías 43:2
Uma das cenas que mais me tocam em Criação Assombrosa é quando Marina entra na água pela primeira vez. Sem dar spoiler, vou te contar um truque que eu uso na vida real, e que coloquei no livro também:
“Marina aprendeu a caminhar pela areia sem a cadeira. Ficava mais fácil quando ele ia na frente, e ela pisava onde ele tinha colocado os pés antes. (...)” — em alguma parte do livro rs
É isso.
Tem hora que a gente anda sozinho. Tem hora que a gente pisa onde os outros pisaram.
E tem hora que ser carregada é a forma mais linda de continuar indo.
Hoje, eu digo sem vergonha: Eu sou a menina que ama o mar.
A mesma que chama a irmã pra ir à praia numa sexta de manhã. A que já pergunta se o protetor tá na bolsa e se a marquinha vai pegar.
Porque não há nada de errado em aceitar ajuda. E há muita beleza em aprender a aproveitar a vida com quem topa ir com você, mesmo quando as ondas são fortes.

💬 E você? Qual foi a coisa que aprendeu a amar quando aceitou ajuda?
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