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Como os livros hot destruíram meus sonhos

  • Foto do escritor: Escritora Carols
    Escritora Carols
  • há 6 dias
  • 4 min de leitura

Durante muito tempo, escrever foi meu sonho mais vivo.


Comecei aos 13 anos, como muita gente: depois de me apaixonar por livros adolescentes, histórias com personagens de verdade, vivendo dilemas reais. Paula Pimenta, Meg Cabot, Nicholas Sparks, Thalita Rebouças... esses nomes moravam na minha estante e no meu coração.


Foi nessa época que nasceu Reino Silencioso. Mas ele morreu dois anos depois.

Montagem com três fotos de uma jovem leitora na infância. À esquerda, ela segura o livro "Fazendo Meu Filme" cobrindo parcialmente o rosto. No centro, sorri ao lado da escritora Paula Pimenta em uma sessão de autógrafos. À direita, aparece lendo um livro com atenção. Imagem ilustra o início da paixão pela leitura e o impacto positivo dos livros na formação de uma escritora cristã.
Quando eu tinha 12 anos, eu conheci a Paula Pimenta (um dos melhores dias da minha vida)

Quando a capa bonitinha não diz nada sobre o conteúdo


Foi aos 15 que, em meio a desilusões amorosas e inseguranças com meu corpo, entrei num caminho silencioso (e perigoso). Comecei a ler fanfics no Nyah! e, de repente, as histórias passaram a ser mais sobre cenas explícitas do que sobre sentimentos.


Passei a achar “normal” aquilo que, lá no fundo, sempre me incomodou.


Vi que não precisava abrir um site adulto pra acessar pornografia. (Apesar de o fazer ao descobrir esse universo) Ela já tinha invadido os livros — inclusive os com capas coloridas e personagens fofos.


Aos poucos, minha leitura deixou de ser um lugar seguro. E a escrita também. Parecia errado escrever algo puro enquanto eu lia o oposto. Eu parei de escrever.


Me tornei outra


Fui me tornando mais calada, mais carente, mais mentirosa. Não conseguia mais abrir o caderno. Esperava a noite pra fazer o que eu odiava, mas também achava que precisava. Me escondia. Me envergonhava.E parecia que Deus não falava mais comigo. Mas era eu que tinha parado de ouvir.


Me tornei viciada em histórias que não contavam nada além de corpos. Em vídeos. Em conversas. Em toques. E o pior: eu odiava isso. E mesmo assim, não parava.


E principalmente: eu não escrevia mais.

Porque algo dentro de mim dizia que escrever o que eu lia era errado. E escrever o que eu sentia… eu já não sabia mais como.


A Bíblia no escuro e o choro mais verdadeiro


Aos 18, fui "liberada" para namorar e aceitei o primeiro que apareceu. Durou dois meses. Acabou, e ficou o vazio.


Ali eu percebi que algo estava quebrado.


Foi então que me lembrei de um livro chamado A Ovelha e o Dragão, da Renata Martins. Lembro de tê-lo comprado na Lagoinha, em BH, numa viagem em família. Nunca li o segundo volume — mas aquele primeiro me marcou. Me assustou. Me alertou.


Foi quando eu abri a Bíblia. E pela primeira vez, conheci a Cristo — de verdade.


Sempre estive na igreja. Era líder de célula, cantava, pregava. Mas só dentro do meu quarto, de madrugada, com a Bíblia aberta e os olhos fechados em lágrimas, eu entendi quem Ele era. E quem eu era. Ali, eu me arrependi. E ali, eu renasci



Decidi me batizar novamente (uma outra longa história) e até cortei o cabelo no meio tempo.

Depois disso, descobri o lado cristão do Wattpad (mas evito esse site o máximo que posso) . Livros puros, fofos, que falavam sobre pecado e redenção. Maina Mattos, Kell Carvalho, Dulci Veríssimo, Aline Morertho. Todo o squad de Corte Queens! (Meu primeiro foi: Orei por Você, falo dele pra todo mundo!)


E lembrei da garota que eu queria escrever quando tinha 13. Voltei a reimaginar Reino Silencioso. Planejei pela primeira vez.


E com Ele, voltei a escrever.

Mas ainda levei um tempo até entender que escrever podia ser ministério. Que pureza era possível. Que havia livros cristãos, lindos e bem escritos, me esperando no Wattpad (um lugar que eu sempre achei gatilho para o pecado).


E que Deus podia me usar exatamente como eu era.


Sim, eu ainda lido com as consequências daquela fase.

Sim, ainda tento fugir de capas fofas com conteúdo imoral.

Ainda luto com consequências daquela fase.

Tenho dificuldade de falar com homens solteiros.

Luto contra pensamentos distorcidos.

Tenho gatilhos com o silêncio, com o escuro, com o espelho.


Mas Deus tem me restaurado.


Aos poucos, tenho voltado a me enxergar como alguém digna de amor — e chamada para amar com palavras que curam. Hoje sei o que fazer com meu coração: entregá-lo.

E com minhas palavras: consagrá-las.


Por que conto tudo isso?


Porque a pornografia não vem com sinal de alerta. Ela chega de mansinho, disfarçada de romance. E talvez ninguém tenha te dito isso, então deixa eu dizer:


"E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas."
1 Coríntios 5:17

Essa é a minha história ( ou um outro pedaço dela). E é por isso que escrevo como escrevo.

Por isso escrevo romances (e fantasias também, por que não?) que não romantizam o pecado. Livros sem imoralidade sexual.


Histórias que mostram que a esperança não vem depois do erro — ela nasce no meio dele.

Porque foi no meio do meu erro que A esperança me encontrou.


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E vamos juntos construir um novo capítulo: mais puro, mais forte, mais redimido.

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