Diário de uma Escritora PCD #1
- Escritora Carols
- 28 de mai.
- 2 min de leitura

Como a bengala se tornou minha aliada na escrita
Quando eu era pequena, achava que bastava imaginar pra chegar a qualquer lugar.Hoje, continuo acreditando — mas aprendi que, às vezes, a imaginação precisa de um pouco de apoio.E no meu caso, esse apoio tem nome: Joaquina. Ou Sharpay. Depende do humor do dia.
Minha bengala já foi vista como símbolo de limitação. Hoje, é símbolo de caminho. De independência, sim — mas também de escuta.Porque quando o corpo fala, é preciso ter coragem pra ouvir.
🦯 O caminho que eu vejo — e os que desvio
Andar com uma bengala talvez me faça ter uma visão de mundo diferente da sua. Eu caminho com os olhos atentos para o chão, não por tristeza — mas por estratégia.Observo o terreno, desvio de obstáculos, escolho por onde pisar.
Olho pra bengala quando me sento, pra que ela não tombe com aquele barulho que todo mundo para pra escutar. Aprendi a rir disso. Aprendi a fazer piada antes que o constrangimento se instale. Aprendi a responder perguntas de crianças curiosas e a deixá-las brincar com aquilo que, para o mundo adulto, parece um fardo.
Aviso aos papais: podem deixar seu filho brincar com as bengalas! Elas gostam.Elas já foram varinhas mágicas, espadas de cavaleiros e microfones de estrelas do pop. Quem disse que acessibilidade não pode rimar com imaginação?
✨ Quando o apoio está no corpo, mas transforma a mente
Minhas bengalas não ficam comigo enquanto escrevo. Elas esperam, fiéis, do lado da porta — prontas pra me levar até o mundo. Mas a experiência de andar com elas já moldou a forma como eu olho esse mundo.E isso... inevitavelmente molda minha escrita.
Me deu paciência pra esperar elevadores e leveza pra rir dos tropeços. Me ensinou a fazer perguntas antes de julgar e a perceber o que está fora do campo de visão da maioria. Escrever depois disso tudo é escrever com mais empatia. Com mais humanidade. Com mais fé.
💬 Um diário de quem caminha — e conta
Usar uma bengala não é só um suporte físico — é símbolo da minha jornada, da resistência em meio a desafios que vão além do corpo.Ela não está no meu colo enquanto escrevo, mas caminha comigo por dentro.
E é por isso que hoje, ao escrever histórias, levo comigo tudo o que ela me ensinou:a rir das quedas, a brincar com o que parece peso, a olhar o chão como quem traça um mapa — e a seguir em frente, mesmo quando o mundo parece não saber pra onde vai.
✨ Que esse diário seja só o começo.
Pra você que também caminha de um jeito único — ou escreve a partir de um lugar que nem todo mundo vê — saiba: suas histórias importam.E o que te sustenta hoje pode ser exatamente o que vai sustentar outros amanhã.
Com carinho,Carol 🖋️
Autora de Reino Silenciosso & Criação Assombrosa
(Spoiler: tem propósito até nas curvas do caminho)
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