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Como nasceu cada personagem de Reino Silencioso (e o que eles dizem sobre fases da minha vida)

  • Foto do escritor: Escritora Carols
    Escritora Carols
  • 9 de mai.
  • 4 min de leitura


Se alguém me perguntasse quando comecei a escrever Reino Silencioso, eu responderia: “quando ainda nem sabia escrever direito.” Mas se perguntarem como nasceram os personagens, a resposta exige algo mais íntimo: eles nasceram comigo. Cresceram comigo.


Alguns mudaram de nome, de rosto, de cor. Outros ganharam camadas quando eu mesma me descobria em novas fases da vida. A verdade? Cada um carrega um pedaço de mim, ou de alguém que amo. Então hoje, te convido a conhecer quem são essas figuras… e quem fui eu em cada uma delas.





Reprodução: Pinterest
Reprodução: Pinterest

Julieta: a primeira chama


Julieta nasceu comigo, aos 13 anos. Era ruiva, sardenta, pele de porcelana. Era como eu sonhava ser na adolescência: bonita, inteligente e com um talento sobrenatural em matemática (o que nunca foi meu caso, risos).


Mas o tempo passou. Eu cresci. E entendi que minha personagem principal precisava se parecer mais com o Brasil que ela representa.


Adotei uma Julieta com pele parecida com a minha, cabelo mais natural, feições mais nossas. Ela se tornou nordestina nos meus 24 anos — fase em que eu lutava por representatividade e entendi que presença não se pede: se constrói.


Reprodução: Foto pessoal
Reprodução: Foto pessoal

Nina: a ponta que merece ser protagonista


Pouca gente lembra da Nina. Ela é irmã da Nicole. Mas pra mim, ela sempre foi importante. Nina tem deficiência, como eu. E mesmo aparecendo pouco, é ela quem fortalece a irmã. Sempre me senti assim com minha irmã gêmea. Mesmo nas sombras, eu queria que ela brilhasse.


Um dia, prometo, Nina vai ganhar a própria história. Porque personagens como ela não podem ser só figurantes — nem na ficção, nem na vida.



Reprodução: Foto pessoal. Eu, Naty e Pam, respectivamente (era ensino médio, escolas diferentes)
Reprodução: Foto pessoal. Eu, Naty e Pam, respectivamente (era ensino médio, escolas diferentes)

Nicole: 19 anos de amizade, mil hiperfocos


Nicole nasceu da minha melhor amiga do ensino fundamental. Na época era fã de Hatsune Miku, fazia desenhos de anime e era obcecada por Crepúsculo (os Volturi, especificamente, rs).


Hoje, ela é minha designer, minha amiga de 19 anos e diagnosticada com autismo e TDAH. Tudo fez ainda mais sentido. Ela me apresentou o BTS e me fez viajar nas conversas sobre tornados.


Ah, e minha irmã gêmea acha que não, mas tem muito dela na Nicole também — no jeito protetor, no senso de justiça, no amor entre irmãs.


Reprodução: Pinterest
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Dante: galã de corredor de escola


Dante era Nicholas, depois virou Dante. Nunca teve um rosto fixo, mas sempre ecoou os galãs da escola e youtubers gringos que eu seguia. Ele é o tipo de personagem que parece superficial no início, mas vai te ganhando no carisma.


Assim como alguns colegas que a gente subestimava... até descobrir que sabiam muito mais do que pareciam.




Reprodução: Pinterest
Reprodução: Pinterest

Pollyanna: a era blogueira


Polly nasceu da minha era blogueira. Quando a internet era feita de looks do dia e textões no Tumblr. Ela é metida (ou patricinha), exagerada, midiática — e eu amo isso nela.


Se eu era dos livros, da moda e dos cachos, Polly é minha versão com filtro, com glitter, muito cinema e ring light.




Reprodução: Pinterest
Reprodução: Pinterest

Rosa: a amiga profética


Rosa sempre teve esse nome. Mas no início, era quase decorativa.


Foi crescendo comigo e com a história, até se tornar a melhor amiga oficial da Julieta. Tinha um dom meio Alice Cullen: dizia frases de livros que magicamente se encaixavam com o futuro. Hoje, esse dom virou consciência — ela é aquela que vê além, mesmo sem prever nada.



Reprodução: Pinterest
Reprodução: Pinterest

Henrique: o primo camuflado


Henri, o orgulho do império. Nunca contei isso antes, mas ele é quase uma cópia do meu primo Samuel (só mais bonito, claro).


Ambos fãs de Flamengo, basquete e engenharia (apesar do meu primo ter desistido do curso e ter ido a teologia). Engraçados, líderes, inteligentes.


Enquanto reescrevia o livro aos 25 anos, dei a ele uma namorada incrível. De nada, primo.



Reprodução: Fotos pessoais. Eu e Rebecca, sim. ela é low profile.
Reprodução: Fotos pessoais. Eu e Rebecca, sim. ela é low profile.

Rebecca: o banco de trás da minha memória


Rebecca surge mais no fim do livro, mas mora comigo há anos. Ela é baseada numa amiga do ensino médio que sentava atrás de mim e sonhava ser arquiteta.


Dei a ela o mesmo nome e aparência, como um tributo a esse carinho silencioso dos dias de prova, dos corredores, dos papos entre uma aula e outra.


Reprodução: Pinterest
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Luís: o eco da saudade


Luís é o jardineiro. O pai do Juan. Mas pra mim, ele é mais. Depois que meu avô faleceu (quando eu tinha 15 anos), escrevê-lo ganhou outro peso. Não são iguais, mas têm o mesmo afeto simples, a sabedoria sem palavras, o chapéu simbólico (que meu avô não usava, mas eu vejo nele).


Sempre que escrevo Luís, penso: “será que meu vô ia gostar disso?”


Reprodução: Pinterest
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Juan: amigos para amantes (e carta perdida)


Ah… o Juan.Preciso confessar: ele foi inspirado num crush da infância. Um amigo. Nunca rolou nada, mas mexeu comigo por muito tempo.


Aparência não bate, mas personalidade? Talvez (minha irmã diz que não tem nada a ver, é por isso que sempre falo que sou iludida)


Inclusive, escrevi uma carta pros meus pais contando que gostava dele. Nunca entreguei. Mas Deus entregou — literalmente. Ela escapou da minha bolsa e foi parar nas mãos deles. Naquele jantar, aprendi sobre o propósito do namoro: casamento.


Eu não sabia se queria casar com ele. Nem com o Seth de Crepúsculo. Nem com o Niall do One Direction. Eu era só uma menina apaixonada pela ideia do amor. Como a Julieta.



Cada personagem, uma versão de mim


Quando olho pra trás, percebo: eu não inventei ninguém. Eu colei fragmentos de fases, pessoas, sonhos e dores em corpos de papel. Eles nasceram comigo. Cresceram comigo. E agora... vivem com vocês.


E você, tem personagens que nasceram de fases da sua vida também? Ou leu algum livro em que sentiu que um personagem era você com outro nome? Me conta nos comentários — vou amar te ler! 💬

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